Pontos riscados

Definição

     O ponto riscado é uma “ordem” escrita a uma série de entidades. Quando um médium risca um ponto irradiado por uma entidade, está mobilizando a falange que com ela trabalha, ou outra, direcionando a energia mobilizada para o objetivo desejado, dependendo do merecimento do consulente e da ética do médium.

     Os pontos riscados obedecem à vibração original ou flecha, da qual falaremos a seguir. Tudo começa com 1 simples ponto (1 ponto sozinho nada produz em termos de magia, mas vários pontos geram uma linha e várias linhas fazem um ponto riscado).

     Todavia é importante saber que o ponto riscado não produz nenhum tipo de magia se não for impulsionado pelo pensamento. Muitos médiuns acreditam que podem simplesmente riscar o ponto e que as entidades vão fazer tudo por ele. 

     Vemos em muitos centros de umbanda médiuns riscando pontos que de fato nada têm a ver com os princípios dos pontos riscados. É possível que em alguns casos a espiritualidade considerando o merecimento do consulente e o desconhecimento bem intencionado do médium, além de seu real desejo de manipular forças amorosas para aquele consulente, promova o necessário para o auxílio. Não se engane todavia o médium achando que está promovendo magia com pontos sem os elementos básicos dos quais eles se compõem.

     Os sinais aqui apresentados são os chamados sinais positivos, que propiciam apenas magia branca, digamos assim. De forma que não adianta a ninguém tentar fazer outro tipo de magia usando estes sinais. Os sinais negativos, os chamados ocultos, não podem ser revelados.


Elementos básicos de identificação dos pontos riscados

Oriundos dos desenvolvimentos das linhas, eles são três:

-  Flecha: identifica a vibração - forma da entidade.

-  Raiz: identifica a origem (a linha, uma das sete, a que pertence a entidade).

-  Chave: identifica o elemento que a entidade manipula.


Sinais positivos que identificam cada ponto (são 7)

     Os negativos são ocultos

1. Flecha ou vibração forma (identifica a forma como a entidade se apresenta): 

     A Flecha, que é baseada na linha, que por sua vez é formada de pontos, representa o equilíbrio e a dualidade sendo, portanto, a vibração original ou reflexo da escrita divina. Sempre orientada para o alto, para o céu, em louvor e respeito às divindades que a ensinaram aos homens. No movimento da síntese da umbanda existem três manifestações formas: 

Caboclo 

Preto velho 

Criança 



2. Raiz ou linha (uma das 7) na qual a entidade trabalha: 

 • Oxalá 

Ogum 

Oxossi 

Xango 

Yemanjá 

Yori 

Yorimá 



3. Chave (identifica o grau hierárquico da entidade):  

 • Guia 

Protetor 

Obs. E também se é chefe de legião, chefe de falange ou de sub falange.

     Chefe de legião: grafa acima da flecha o sinal de sua vibração original. Na alta magia esse sinal tem grande poder e comanda um número infindável de entidades.



Chefes de falange e sub falange: grafam o mesmo sinal abaixo da flecha.


 

4. Planeta regente (planetas sagrados) e signo zodiacal: 

                                                       

Sol                           

Lua 

Marte 

Vênus 

Júpiter 

Saturno 

Mercúrio 





5. Cor fluídica 



6. Elemento que manipula, tattwa*, corrente cósmica e metal correspondente. 

            



7. Entidades que comanda: 

 

Naturais  

Artificiais     

Outros sinais grafados 

(mais raramente, pois são somente para entidades de alta hierarquia)


 

Observações

     O médium precisa controlar seu desejo de colocar no ponto todos os sinais ou desejar que “sua” entidade tenha uma alta hierarquia, pois isso nada significa no plano espiritual. 

     O que importa é o trabalho na caridade, independente de tudo o mais. Naturalmente é preciso também compreender que não há como uma entidade de alta hierarquia se manifestar por um médium que não tenha na vida um comportamento condizente com a ascendência moral da mesma (semelhantes se atraem, diz o ditado). 

     Que ninguém espere ser na vida uma pessoa raivosa, rancorosa ou ranzinza, ou quem sabe melindrosa, insatisfeita ou vaidosa, ou ainda egoísta, gananciosa ou arrogante, não tolerar ser contrariado, beber ou fumar, ser de fácil irritabilidade ou ainda ter uma vida sexual desregrada ou “casos” fora do casamento e ainda assim achar que vai receber uma entidade de grande luz, porque não vai mesmo. 

     Podemos até riscar pontos que impressionem as pessoas, mas não podemos enganar o plano espiritual e desta forma nenhuma magia será mobilizada por ele, na medida que toda magia é mental (o ponto é um instrumento de concentração do médium).

     Mostramos abaixo o ponto riscado do Caboclo Tabajara (conheça sua história no livro Terra dos Ay-Mhorés – a ser lançado em 2007 – uma continuação da Terra das Araras Vermelhas), entidade que se manifesta na FGC. Foi o sumo sacerdote nas terras altas.

     É preciso lembrar que existe apenas um caboclo Tabajara com estas características. Como já falamos em outro capítulo deste curso, a entidade que se manifesta num determinado centro não é a mesma que se manifesta em outro. Isto quer dizer que muitas entidades podem até se apresentar com esse nome, o que não significa ser a mesma.  

Explicações adicionais

Como pode ser observado as entidades podem ser “cruzadas” com outras linhas. O caboclo Tabajara que se apresenta na FGC é da linha de Oxalá, cruzado com a linha de Oxossi. 

Observar que ao longo da Flecha ele grafa tanto a Raiz de Oxalá (a linha original) quanto a de Oxossi (linha com a qual é cruzado). Ser cruzado  significa que trabalha nas duas vibrações. Naturalmente uma entidade dessa hierarquia pode trabalhar em qualquer linha, mas originalmente trabalha nas duas.

Ele poderia também ter grafado as duas Flechas com as duas Raízes, uma cruzando sobre a outra, como mostraremos a seguir no ponto do Caboclo Anhanguera, outra entidade manifestada na FGC (sua história está nos livros Terra das Araras Vermelhas e Baratzil – de R. Feraudy). 

Anhanguera é uma das entidades que participou do Projeto Terras do Sul, que sob a tutela do Caboclo das 7 Encruzilhadas trouxe a umbanda para o Brasil. Trata-se de uma entidade que trabalha na linha de Oxossi cruzado com a linha de Xangô.

No canto inferior do ponto pode-se observar um sinal diferente: um circulo pequeno com as duas flechas correspondentes às linhas que trabalha. Esse sinal particular ajuda a identificar a entidade. É como se fosse uma assinatura.

De fato todo ponto identifica uma determinada entidade. Qualquer pessoa que domine seu entendimento poderia dizer qual entidade está realmente manifestada. 


Outras informações

As entidades podem ainda ser “ligadas” com outras linhas. Estar “ligado” com outra linha significa que a entidade trabalha, eventualmente, junto com a outra linha, dependendo da necessidade do trabalho.

A Flecha da linha não original à qual a entidade está ligada. É grafada ao lado da original, em tamanho menor. Mostraremos o ponto riscado pelo Caboclo Cachoeirinha, entidade também manifestada na FGC (na verdade trata-se de um corpo de ilusão* de outra entidade). 

Pode ser notado que ao lado das Flechas de sua vibração original, que é Oxossi, a entidade grafa, por cima, em tamanho menor, a Flecha com a Raiz de Xangô, que é a linha com a qual trabalha eventualmente.

É possível notar que o Caboclo Cachoeirinha, entidade manifestada na FGC (corpo de ilusão do Caboclo Anhanguera, cujo ponto está grafado abaixo)  grafa duas Flechas de Oxossi. Esta é apenas outra forma de se identificar. Poderia grafar três, por exemplo, ou ainda grafar uma virada para a direita, como deve ser originalmente quando a entidade grafa apenas uma Flecha, e outra para a esquerda.

* Nunca é demais lembrar que cada médium recebe duas, no máximo três entidades (as demais geralmente são corpos de ilusão das demais). Isto no caso da entidade atuar no nível de Guia (Protetores apresentam apenas um corpo de ilusão). O Caboclo das 7 Encruzilhadas, por exemplo, o fundador da umbanda, manifestado exclusivamente no médium Roger Feraudy durante muitos anos (ver detalhes na 2a. aula – História da umbanda), apresentava-se com vários corpos de ilusão, como Caboclo Anhangá (na vibração de Xangô), por exemplo, ou ainda como Simeon, o mago, entre outros, dependendo da necessidade da tarefa a ser realizada.

Nos colocamos à disposição dos alunos para avaliar eventuais pontos riscados de suas entidades, que devem ser enviados escaneados no e-mail do curso, com as devidas explicações. Pontos sem as explicações técnicas não poderão ser avaliados. Adiantamos também que não podemos grafar pontos pelos médiuns. Só corrigiremos erros técnicos.


     Para completar apresentamos um ponto de preto velho. Não daremos explicações como forma de convidar os alunos a pensar e estudar; esperamos que tentem compreender sua grafia e nos colocamos à disposição para eventuais dúvidas.



·                  Um Ponto: o Ser Supremo, a origem.
·        Uma Linha Reta: o Mundo Material.
·        Duas Linhas Retas: o Princípio de tudo , o Masculino e o Feminino.
·        Uma Linha Curva: a Polaridade.
·        Dois Traços Curvos: as duas polaridades - positiva e negativa.
·        Um Triângulo de Lados Iguais: a Força Divina - Pai, Filho e Espírito Santo - Santíssima Trindade.
·        Dois Triângulos (Hexagrama): Estrela de seis pontas - todas as Forças do Espaço.
·        Um Quadrado: os 4 elementos (Água, Terra, Fogo e Ar).
·        Um Pentagrama: a Estrela de Davi e o Signo de Salomão - a Linha do Oriente, Oxalá, a Luz de Deus.
·        Três estrelas: também podem representar os Velhos e as Almas.
·        Círculo: o Universo, a Perfeição.
·        Um Círculo com Dois Diâmetros Entre Si: o Plano Divino, o Quaternário Espiritual.
·        Círculos Menores e Semicírculos: as fases da lua (símbolo de Iemanjá), forças de luz, inclui Iansã.
·        Círculo com Estrias Externas: o sol (símbolo de Oxalá).
·        Espiral - para fora: indica chamamento de força, retirando demanda ou irradiação de Boiadeiro.
·        Seta Reta ou Curva e Bodoque: - irradiação de Oxossi (caboclo).
·        Balança, Machado ou Nuvem: símbolos de Xangô e do Oriente.
·        Raio (condições atmosféricas): símbolo de Iansã.
·        Espada Curva reta ou inclinada: símbolo de Ogum. Também é símbolo de Ogum a Bandeira Branca com Cruz Grega Vermelha .
·        Flor ou Coração: símbolos de Oxum.
·        Coração com uma Cruz no Interior: símbolo de Nanã. Também é símbolo de Nanã os Traços Pequenos na Vertical (chuva).
·        Folhas ou Plantas: símbolos de Oxossi ou Pretos velhos.
·        Tridentes: símbolos para Exú e Pombo Gira. Se utilizam garfos curvos para a Calunga, e garfos retos para a Rua, (Pode haver ou não caveira). Também se utiliza para diferenciar entre o masculino do feminino da seguinte forma, tridentes curvos para determinação do feminino e retos para o masculino.
·        Cruz Latina Branca: Cruz de Oxalá.
·        Cruz Grega Negra com pedestal: símbolo de Omulú.
·        Arco-íris: símbolo de Oxumaré.
·        Estrela Branca (Oriente): Luz dos espíritos.
·        Estrela Guia (com cauda): símbolo da capacidade de acompanhamento (Oriente).
·        Um Oito Deitado (Lemniscata): símbolo do Infinito.
·        Cordão com Nó ou um Pano: símbolo das crianças.
·        Conchas do Mar: símbolo das crianças na irradiação de Iemanjá, , Oxum e Nanã. - Águas Embaixo do Ponto: símbolo de Iemanjá (mar).
·        Pequenos Traços de água: símbolo de Oxum.
·        Traço ou Linha Curva com Círculo nas Pontas: símbolo de força, e descarregos.
·        Rosa dos Ventos: chamada de força ou descarrego.
·        Palmeiras ou Coqueiros: força dos Velhos ou Baianos.
·        Traço com Três Semicírculos nas Pontas: descarrego e força  a necessitados
·        Traço com uma entrada e duas saídas (como uma letra Y): Símbolo de Preto Velho, provavelmente um mentor da coroa de um médium, demonstrando que caminhos tem opções para a evolução.



Exu Tiriri