MELINDRE
"Não podem
os homens ser felizes, se não viverem em paz, isto é, se não os animar um
sentimento de benevolência, de indulgência e de condescendência recíprocas. A
caridade e a fraternidade resumem todas as condições e todos os deveres
sociais; uma e outra, porém, pressupõem a abnegação. Ora, a abnegação é
incompatível com o egoísmo e o orgulho; logo, com esses vícios, não é possível
a verdadeira fraternidade, nem, por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado
que o egoísta e o orgulhoso querem tudo para si...." - Allan
Kardec
Os melindres são
os verdadeiros fantasmas de um Centro Espírita. Associado às mágoas e
ressentimentos, contribuem para fragilizar os laços humanos. Kardec nos falou,
em dois momentos, sobre esse fantasma. Destacamos, primeiramente, o escrito em
Obras Póstumas (1ª Parte – O Egoísmo e O Orgulho): "A exaltação da
personalidade leva o homem a considerar-se acima dos outros. Julgando-se com
direitos superiores, melindra-se com o que quer que, a seu ver, constitua
ofensa a seus direitos."
Associado, por
extensão, aos melindres e mágoas, encontra-se o ressentimento. A psicanalista
Maria Rita Kehl, em seu livro sobre o assunto, analisa o que denomina de
"ganhos subjetivos do ressentimento". Para ela, o ressentido é um
vingativo não declarado. Mas também é alguém que atribui sempre a um outro a
culpa por seus agravos. O ressentido assume papel de vítima e, com isso, foge
das responsabilidades que cabem no processo. Aí estão os ganhos do
ressentimento! Revestir-se da vitimização, criar a figura de um culpado
exclusivo para manter-se numa postura cômoda de alguém livre de
responsabilidades. É sem dúvida, um mecanismo perverso do Eu (conscientemente
ou não) que denota um nível de imaturidade psicológica associada a uma morbidez
da alma.
O maior entrave
para o desenvolvimento do ser humano é o "melindre", sendo ele o
verdadeiro vírus da discórdia. Ele ataca sorrateiramente a todos aqueles que,
invigilantes, dão valor maior do que o devido a si mesmo. O amor próprio tem um
limite.
É importante ter
amor próprio mas na dose certa, precisamos cuidar de nossa aparência e gostar
de nós mesmos.
Esse amor não
pode superar o limite do razoável. Quando passamos a nos julgar superiores a
nossos irmãos, avançamos para a vaidade, para o orgulho, para a falsa
superioridade. Ao atingir esse estágio perigoso, todas as ideias, observações
ou palavras de nossos semelhantes que são contrárias ao nosso ponto de vista
nos machucam muito.
Vem então o
"melindre", não aceitamos ser contrariados, colocados de lado. Não
aceitamos opiniões diferentes enchendo-nos de mágoas e de não me toques. E o
pior é que isso nos entristece, tira-nos do equilíbrio, trazem consequências
físicas e afetam profundamente nosso relacionamento com pessoas queridas.
"Teus
parentes e amigos são as almas que você mesmo atraiu, com tua própria
afinidade." (Chico Xavier)
"Se Jesus
nos recomendou amar os inimigos, imaginemos com que imenso amor nos compete
amar aqueles que nos oferecem o coração." (André Luiz)
"Os
mecanismos da evolução utilizam-se do trabalho como meio de disciplinar a
vontade, domar os instintos, desenvolver a razão e sublimar os
sentimentos." (Joanna de Ângelis)
"O
pensamento escolhe. A Ação realiza. O homem conduz o barco da vida com os remos
do desejo e a vida conduz o homem ao porto que ele aspira a chegar. Eis porque,
segundo as Leis que nos regem, “a cada um será dado segundo suas próprias
obras”. " (Emmanuel)