CAUSAS ATUAIS DAS AFLIÇÕES
O Evangelho Segundo o Espiritismo
por ALLAN KARDEC – tradução de
José Herculano Pires
Capítulo
5 – BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
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Causas Atuais das Aflições
O Evangelho Segundo o Espiritismo
por ALLAN KARDEC – tradução de
José Herculano Pires
Capítulo
5 – BEM-AVENTURADOS OS AFLITOS
· Causas Atuais das Aflições
· Causas Atuais das Aflições
4 – As vicissitudes da vida são de duas
espécies, ou, se quisermos, tem duas origens bem diversas, que importa
distinguir: umas têm sua causa na vida presente; fora desta vida.
Remontando
à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são as consequências
naturais do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem
por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho
e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança,
por mau comportamento ou por terem limitado os seus desejos!
Quantas
uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade,
nada tendo com isso o coração! Que de dissensões de disputas funestas, poderiam
ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade! Quantas doenças e
aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem!
Quantos
pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências
desde o princípio. Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem
neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o
coração. Mais tarde, colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se com a sua
falta de respeito e a sua ingratidão. Que todos os que têm o coração ferido
pelas vicissitudes e as decepções da vida, interroguem friamente a própria
consciência. Que remontem passo a passo à fonte dos males que os afligem, e
verão se, na maioria das vezes, não podem dizer: “Se eu tivesse ou não tivesse
feito tal coisa, não estaria nesta situação”.
A quem,
portanto, devem todas essas aflições, senão a si mesmos? O homem é, assim, num
grande número de casos o autor de seus próprios infortúnios. Mas, em vez de
reconhecê-lo, acha mais simples, e menos humilhante para a sua vaidade, acusar
a sorte, a Providência, a falta de oportunidade, sua má estrela, enquanto, na
verdade, sua má estrela é a sua própria incúria.
Os males
dessa espécie constituem, seguramente, um número considerável das vicissitudes
da vida. O homem os evitará, quando trabalhar para o seu adiantamento moral e
intelectual.
5 – A lei humana alcança certas faltas e as
pune. O condenado pode então dizer que sofreu a consequência do que praticou.
Mas a lei não alcança nem pode alcançar a todas as faltas. Ela castiga
especialmente as que causam prejuízos à sociedade, e não as que prejudicam
apenas os que as cometem. Mas Deus vê o progresso de todas as criaturas. Eis
por que não deixa impune nenhum desvio do caminho reto. Não há uma só falta,
por mais leve que seja, uma única infração à sua lei, que não tenha consequências
forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis. Donde se segue que, nas
pequenas como nas grandes coisas, o homem é sempre punido naquilo em que pecou.
Os sofrimentos consequentes são então uma advertência de que ele andou mal.
Dão-lhe as experiências e o fazem sentir, a diferença entre o bem e o mal, bem
como a necessidade de se melhorar, para evitar no futuro o que já foi para ele
uma causa de mágoas. Sem isso, ele não teria nenhum motivo para se emendar, e
confiante na impunidade, retardaria o seu adiantamento, e portanto a sua
felicidade futura.
Mas a
experiência chega, algumas vezes, um pouco tarde; e quando a vida já foi
desperdiçada e perturbada, gastas as forças, e o mal é irremediável, então o
homem se surpreende a dizer: “Se no começo da vida eu soubesse o que hoje sei,
quantas faltas teria evitado; se tivesse de recomeçar, eu me
portaria de maneira inteiramente outra; mas já não há mais tempo!” Como o
trabalhador preguiçoso que diz: “Perdi o meu dia”, ele também diz: “Perdi a
minha vida”. Mas, assim como para o trabalhador o sol nasce no dia seguinte, e
começa uma nova jornada, em que pode recuperar o tempo perdido, para ele também
brilhará o sol de uma vida nova, após a noite do túmulo, e na qual poderá
aproveitar a experiência do passado e pôr em execução suas boas resoluções para
o futuro.