UMA REFLEXÃO SOBRE CRIANÇAS NA UMBANDA

Na Umbanda, Crianças ou Ibejada são espíritos que incorporam em médiuns da Umbanda e de outras religiões afro-brasileiras, trazendo nomes infantis. Caracterizam uma criança na forma de falar, nos gestos, na inocência das brincadeiras, transmitindo muita alegria na maioria das vezes. São representados em imagem tripla (Cosme, Damiâo e Doum 1) ou sincretizados na imagem dos santos gêmeos Cosme e Damião, e em algumas regiões chamados também de Crispim e Crispiniano.

Por ocasião da festa, a 27 de setembro, os terreiros distribuem doces e fazem uma mesa farta para as crianças que incorporam nos médiuns. As cores são azul-claro e rosa. As entidades possuem diversos pontos de atuação. Cachoeiras, praias, matas, lajedos e há até algumas traçadas com exus, o que resulta num exu-mirim ou Criança da Esquerda.

As oferendas normalmente são feitas em jardins e são sempre doces, refrigerantes, além de frutas. Quando incorporam nos terreiros, são brincalhões, divertidos, travessos, meigos, teimosos, bagunceiros, possessivos e chorões (Estas características são grandes indícios para determinar o avanço moral do espírito comunicante. E nos faz refletir sobre qual seria a real intenção do transe). São consideradas entidades de grande atuação e força espiritual (podendo ser positivo ou negativo – a grande dualidade do Ser). Também têm grande poder de cura.

"Esta faculdade de apresentar-se e agir como criança, não quer dizer que seja um espírito-criança. Pode ser, talvez, mais velho que os pais. Ele vem com aspecto ou forma infantil, porque é conveniente vir assim, pois do contrário, dificilmente seria reconhecido." (ORPHANAKE, Édson. Manual para chefes de terreiros).

Mas de onde vem todo este culto ás crianças e o que podemos elucidar sobre esta prática? Para isto muitos outros pontos devem ser estudados para podermos ter um real conceito e não apenas uma tradição cultural popular.

O primeiro ponto é entender a diferença que há entre Ìbejì, ere e criança.

Ibeji, ere e crianças 

Etimologia:"Ibeji" é uma junção dos termos iorubas “ibi” = nascimento e “eji” = dois.

Na África Ìbejì ou Ìgbejì é divindade gêmea da vida, protetor dos gêmeos na mitologia iorubá, identificado no jogo do merindilogun pelos odus ejioko e iká. Dá-se o nome de “Taiwo” ao primeiro gêmeo gerado e o de “Kehinde” ao último. Os Yorùbá acreditam que era Kehinde quem mandava Taiwo supervisionar o mundo, donde a hipótese de ser aquele o irmão mais velho.

Cada gêmeo é representado por uma imagem. Os iorubás colocam alimentos sobre suas imagens para invocar a benevolência de Ìbejì. Os pais de gêmeos costumam fazer sacrifícios a cada oito dias em sua honra.

Na África, as crianças representam a certeza da continuidade, por isso os pais consideram seus filhos sua maior riqueza.

A palavra Igbeji quer dizer gêmeos. Forma-se a partir de duas entidades distintas que coexistem, respeitando o princípio básico da dualidade.

Contam os Itãs (conjunto de lendas e histórias passados de geração a geração pelos povos africanos) que os Igbejis são filhos paridos por Iansã, mas abandonados por ela, que os jogou nas águas. Foram abraçados e criados por Oxum como se fossem seus próprios filhos. Doravante, os Igbejis passam a ser saudados em rituais específicos de Oxum e, nos grandes sacrifícios dedicados à deusa, também recebem oferendas.

Entre as divindades africanas, Igbeji é o que indica a contradição, os opostos que caminham juntos, a dualidade. Igbeji mostra que todas as coisas, em todas as circunstâncias, têm dois lados e que a justiça só pode ser feita se as duas medidas forem pesadas, se os dois lados forem ouvidos.

Na África, o Igbeji é indispensável em todos os cultos. Merece o mesmo respeito dispensado a qualquer Orixá, sendo cultuado no dia a dia. Igbeji não exige grandes coisas, seus pedidos são sempre modestos; o que espera como, todos os Orixás, é ser lembrado e cultuado. O poder de Igbeji jamais podem ser negligenciados, pois o que um orixá faz Igbeji pode desfazer, mas o que um Igbeji faz nenhum outro orixá desfaz. E mais: eles se consideram os donos da verdade. Os gêmeos Ibeji entre os iorubas, hoho e Fon são objeto de culto.

Não são nem orixá nem vodum, mas o lado extraordinário desses duplos nascimentos é uma prova viva do princípio da dualidade e confirma que existe neles uma parcela do sobrenatural, a qual recai em parte na criança que vem ao mundo depois deles.

Recomenda-se tratar os gêmeos de maneira sempre igual, compartilhando com muita equidade entre os dois tudo o que lhes for oferecido. Quando um deles morre com pouca idade o costume exige que uma estatueta representando o defunto seja esculpida e que a mãe a carregue sempre. Mais tarde o gêmeo sobrevivente ao chegar à idade adulta cuidará sempre de oferecer à efígie do irmão uma parte daquilo que ele come e bebe. Os gêmeos são, para os pais uma garantia de sorte e de fortuna.

No Brasil existe uma confusão latente entre Ibeji e os Erês. É evidente que há uma relação, mas não se trata da mesma entidade, confundindo até mesmo como orixá. Ibeji são divindades gêmeas, sendo costumeiramente sincretizadas aos santos gêmeos católicos Cosme e Damião.

Por serem gêmeos, são associados ao princípio da dualidade; por serem crianças, são ligados a tudo que se inicia e brota: a nascente de um rio, o nascimento dos seres humanos, o germinar das plantas etc.

As pessoas imantadas por esta energia tendem a possuir um temperamento infantil, jovialmente inconsequente: nunca deixam de ter dentro de si a criança que já foram. Costumam ser brincalhonas, sorridentes, irrequietas, tudo enfim que se possa associar ao comportamento típico infantil. Muito dependentes nos relacionamentos amorosos e emocionais em geral, podem então revelar-se teimosamente obstinados e possessivos.

Ao mesmo tempo, sua leveza perante a vida se revela no seu eterno rosto de criança e no seu modo ágil de se movimentar, sua dificuldade em permanecer muito tempo sentado, extravasando energia.

Podem apresentar bruscas variações de temperamento, e certa tendência a simplificar as coisas, especialmente em termos emocionais, reduzindo, às vezes, o comportamento complexo das pessoas que estão em torno de si a princípios simplistas como "gosta de mim" ou "não gosta de mim". Isso pode fazer com que se magoem e se decepcionem com certa facilidade. Ao mesmo tempo, suas tristezas e sofrimentos tendem a desaparecer com facilidade, sem deixar grandes marcas. Como as crianças em geral, gostam de estar no meio de muita gente, das atividades esportivas, sociais e das festas.

Ibeji, na nação Queto, ou Nvunji, nas nações Angola e Congo. É a divindade da brincadeira, da alegria; sua regência está ligada à infância. Ibeji está presente em todos os rituais do Candomblé pois, assim como Exu, se não for bem cuidado pode atrapalhar os trabalhos com suas brincadeiras infantis, desvirtuando a concentração dos membros de uma Casa de Santo.

É a divindade que rege a alegria, a inocência, a ingenuidade da criança. Sua determinação é tomar conta do bebê até a adolescência, independente do orixá que a criança carrega. Ibeji é tudo de bom, belo e puro que existe; uma criança pode nos mostrar seu sorriso, sua alegria, sua felicidade, seu engatinhar, falar, seus olhos brilhantes.

Na natureza, a beleza do canto dos pássaros, nas evoluções durante o vôo das aves, na beleza e perfume das flores. A criança que temos dentro de nós, as recordações da infância. Feche os olhos e lembre-se de uma felicidade, de uma travessura e você estará vivendo ou revivendo uma lenda dessa divindade. Pois tudo aquilo de bom que nos aconteceu em nossa infância, foi regido, gerado e administrado por Ibeji. Portanto, ele já viveu todas as felicidades e travessuras que todos nós, seres humanos, vivemos.

A palavra Eré vem do iorubá iré, que significa "brincadeira, divertimento". Daí a expressão “siré”, que significa "fazer brincadeiras". O Ere (não confundir com "criança", que, em iorubá, é omodé) aparece instantaneamente logo após o transe do orixá: ou seja, o Ere é o “intermediário” entre o iniciado e o orixá.

Durante o ritual de iniciação, o Ere é de suma importância, pois é o Ere que, muitas vezes, trará as várias mensagens do orixá do recém-iniciado.

O Ere, na verdade, é a inconsciência do novo omon-orixá, pois o Ere é o responsável por muita coisa e ritos passados durante o período de reclusão. O Ere conhece todas as preocupações do iyawo (filho), também aí chamado de omon-tú ou "criança-nova". O comportamento do iniciado em estado de Ere é mais influenciado por certos aspectos de sua personalidade que pelo caráter rígido e convencional atribuído a seu orixá.

Após o ritual do orúko, ou seja, nome de iaô, segue-se um novo ritual, ou o reaprendizado das coisas, chamado Apanan.


A Verdadeira História de Cosme e Damião

Os gêmeos árabes Cosme e Damião eram filhos de uma nobre família de cristãos. Nasceram por volta do ano 260 d.C., na região da Arábia e viveram na Ásia Menor, no Oriente. Desde muito jovens, ambos manifestaram um enorme talento para a medicina, profissão a qual se dedicaram após estudarem e diplomarem-se na Síria.

Tornaram-se profissionais muito competentes e dignos, e foram trabalhar como médicos e missionários na Egéia.

Amavam a Cristo com todo o fervor de suas almas, e decidiram atrair pessoas ao Senhor através de seu serviço.

Por isso, não cobravam pelas consultas e atendimentos que prestavam, e por esse motivo eram chamados de "anárgiros", ou seja, “aqueles que são inimigos do dinheiro / que não são comprados por dinheiro". A riqueza que almejavam era fazer de sua arte médica também o seu apostolado, para a conversão dos perdidos, o que, a cada dia, conseguiam mais e mais. Seus corações ardiam por ganhar vidas, e nisto se envolveram através da prática da medicina. Inspirados pelo Espírito Santo, usavam a fé aliada aos conhecimentos científicos. Confiando sempre no poder da oração, operaram verdadeiros milagres, pois em Nome de JESUS curaram muitos doentes, vários destes à beira da morte.

Também preocupavam-se em curar animais, pois sabiam que “toda a criação aguarda, com ardente expectativa, pela manifestação da glória de Deus em Seus filhos” (Romanos 8.18:19).

Manifestaram Autoridade do Alto, pregando o Evangelho com sinais e prodígios. Sua linguagem e sua pregação “não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito de Poder” (ICo 2.4). Desta forma, conseguiram plantar a semente da salvação em muitos corações, colhendo inúmeras conversões a JESUS. Cosme e Damião possuíam uma revelação clara do chamado que tinham como ministros do Evangelho, chamado que cumpriam no cotidiano da rotina profissional, ministrando Cristo através de seu trabalho.

Porém, as atividades cristãs dos médicos gêmeos chamaram a atenção das autoridades locais da época, quando o Imperador romano Diocleciano autorizou a perseguição aos cristãos, por volta do ano 300. Diocleciano odiava os cristãos porque eles eram fiéis a Jesus Cristo e não adoravam ídolos e esculturas consideradas sagradas pelo Império Romano.

Por pregarem o cristianismo, Cosme e Damião foram presos, levados a tribunal e acusados de se entregarem à prática de feitiçarias e de usar meios diabólicos para disfarçar as curas que realizavam. Ao serem questionados quanto as suas atividades, eles responderam: "Nós curamos as doenças em nome de Jesus Cristo, pela força do Seu poder".

Eles conheceram os princípios da fé cristã quando ainda eram crianças, e por isso recusaram-se a adorar os deuses pagãos, apesar das ameaças de serem duramente castigados. Ante o governador Lísias, ousaram declarar que aqueles falsos deuses não tinham poder algum sobre eles, e que só adorariam o Deus Único, Criador do Céu e da Terra. Mantiveram a Palavra do testemunho de Cristo, impressionando a todos por seu Amor e sua entrega a JESUS.

Não renunciaram aos princípios de Deus, e sofreram terríveis torturas por isso. Mas mesmo torturados, não abalaram sua convicção e jamais negaram a fé. Em 303, o Imperador decretou que fossem condenados à morte na Egéia. Os dois irmãos foram colocados no paredão para que quatro soldados os atravessassem com setas, mas eles resistiram às pedradas e flechadas. Os militares foram obrigados a recorrer à espada para a decapitação, honra reservada só aos cidadãos romanos. E assim, Cosme e Damião foram martirizados.

Cem anos depois disso, iniciou-se uma terrível idolatria aos seus restos mortais e às imagens que foram esculpidas em sua homenagem. Dois séculos após sua morte, por volta do ano 530, o Imperador Justiniano ficou gravemente doente e deu ordens para que se construísse, em Constantinopla, uma grandiosa igreja em honra de Cosme e Damião. A fama dos gêmeos também correu no Ocidente, a partir de Roma, por causa da basílica dedicada a eles, construída a pedido do papa Félix IV, entre 526 e 530. A solenidade de consagração da basílica ocorreu num dia 26 de setembro e assim, Cosme e Damião passaram a ser festejados, pela igreja católica, nesta data. 

Os nomes de Cosme e Damião são pronunciados inúmeras vezes, todos os dias, no mundo inteiro. Até hoje, os gêmeos são cultuados em toda a Europa, especialmente na Itália, França, Espanha e Portugal. Além disso, são venerados como padroeiros dos médicos e farmacêuticos, e por causa da sua simplicidade e inocência também são invocados como protetores das crianças. Por isso, na festa dedicada a eles, é costume distribuir balas e doces para as crianças.

DESENCARNES

Todos os Espíritos podem se comunicar logo após sua morte?

Sim, pelo menos teoricamente, todos os Espíritos podem se comunicar após a morte do corpo físico. Porém, a Doutrina Espírita nos ensina que o Espírito sofre uma espécie de perturbação (que nada tem ver com desequilíbrio) que pode demorar de horas até anos.

Uma criança, quando desencarna, seu Espírito terá a mesma idade que ela tinha, quando era encarnada?

Sim, dependendo, no entanto de sua maturidade espiritual. O Espírito, quando desencarna, permanece com os mesmos condicionamentos mentais que tinha na Terra, até que se conscientize de sua real situação. Permanecerá em estado de criança ou de adolescente, por um determinado tempo, dependendo de sua evolução, ou seja, de seu grau de entendimento, até que adquira plena consciência de sua condição e de suas necessidades. Isso, geralmente acontece com Espíritos que ainda estão em situação de pouca evolução espiritual. Por isso, nas colônias socorristas próximas à crosta terrestre, encontram-se Espíritos em condição de crianças e adolescentes. Deve-se saber, entretanto, que esta situação perdura apenas por um determinado período. 

O que acontece com os recém-nascidos que logo morrem? E por que isto acontece?

O Espírito de criança morta em tenra idade recomeça outra existência normalmente. O desencarne de recém-nascidos, frequentemente, trata-se de prova para os pais, pois o Espírito não tem consciência do que ocorre. A maioria dessas mortes, entretanto, é por conta da imperfeição da matéria.

Informações igualmente preciosas nos deu André Luiz, em sua obra intitulada Entre a Terra e o Céu, psicografada por Francisco Cândido Xavier.

Conta-nos ele que, em determinado momento no plano espiritual, passa a ouvir uma suave melodia; ao se aproximar, percebe que a música era entoada por um coro de crianças felizes e sorridentes, em meio a paisagens de rara beleza. Ele se encontrava no Lar da Bênção — um misto de escola de preparação para a maternidade e abrigo para espíritos que haviam desencarnado na infância. Alguns deles, naquele exato momento, recebiam a visita de suas mães, ainda encarnadas, que para lá se deslocavam por ocasião do sono físico. André Luiz, então, fascinado com o que via, questiona se haveria ali cursos primários de alfabetização; ao que a dirigente daquele educandário responde afirmativamente, pois que se tratava de um verdadeiro estabelecimento de ensino no além, que abrigava à época, cerca de dois mil espíritos desencarnados em tenra idade, que lá permaneciam até reunir condições para retornar ao plano físico, o que se dava, na maioria das vezes, antes que o Espírito retomasse sua compleição adulta.

Surge, então, a instigante questão do “crescimento das crianças no plano espiritual”, que estará intimamente atrelada à retomada de consciência por parte do Espírito desencarnado, o que lhe permitirá plasmar as modificações necessárias em seu corpo fluídico.

LIVRO DOS ESPIRITOS - Allan Kardec. Da Pluralidade das existências. Parte Segunda. Capitulo IV.

Perguntas 197 a 199.

Tema: Sorte das crianças depois da morte.

1- Criança desencarnando em tenra idade define grau evolutivo do espírito?

A criança desencarnada em tenra idade pode sim ter abrigado um Espírito muito evoluído, mas a ocorrência não define o grau evolutivo, pois também os Espíritos menos evoluídos podem desencarnar de um corpo em tenra idade.

2- Quais podem ser a causa de desencarnação de crianças?

A curta duração da vida da criança pode representar, para o Espírito que a animava o complemento de existência precedentemente interrompida antes do momento em que deverá terminar, e sua morte, também não raro, constitui provação ou expiação para os pais.

3- Quais a condição de crianças após o desencarne?

Assim como todo Espírito na erraticidade em reflexão de suas existências, e buscando compreender as suas próprias vicissitudes, recomeça uma nova jornada em busca de uma nova oportunidade reencarnatória.

Pingafogo

Manifestações de Crianças

1 – Como encarar a manifestação de uma criança apavorada, que se diz num lugar escuro, onde apanha muito?

Há três possibilidades: trata-se de uma mistificação do Espírito, com a intenção de envolver o grupo; uma fantasia anímica do médium, que guarda afinidade com crianças, ou um desajuste do comunicante, que regrediu a um comportamento infantil, como acontece, não raro com doentes mentais.

2 – E quando se trate de Espírito imaturo, desencarnado na infância, não seria interessante o esclarecimento que poderia receber?

Seria totalmente ocioso. Geralmente o adulto recém-desencarnado, sem nenhuma noção sobre a vida espiritual, enfrenta dificuldades de adaptação em virtude de seus comprometimentos com os vícios, as paixões, as ambições do mundo. A criança não tem esse problema.

3 – Por quê?

Ao reencarnar o Espírito adormece e somente começará a acordar para a vida física a partir dos sete anos, quando se completa a reencarnação. Até então não detém o comando de sua existência, nem a possibilidade de envolvimento com as seduções da vida física. Embora possa trazer tendências inferiores cultivadas em existências pretéritas, elas ainda não se manifestaram e nem o comprometeram, razão pela qual a criança é considerada o símbolo da inocência.

4 – E o que acontece com as crianças recém-desencarnadas?

São imediatamente recolhidas por familiares ou mentores, que lhes darão ampla assistência. Se são Espíritos evoluídos, retomam a personalidade anterior. Se de mediana evolução, conservam a condição infantil, que será superada com o tempo, como ocorre com as crianças na Terra. Podem, também, retornar à reencarnação.

5 – Isso significa que crianças nunca se manifestam em reuniões mediúnicas?

Pode acontecer, mas em caráter de exceção. Um Espírito evoluído que desencarnou em tenra infância, atendendo à sua programação evolutiva, já reintegrado na vida espiritual, poderá manifestar-se como criança, com o propósito de consolar seus pais.

6 – Como deve o doutrinador agir quando lidando com suposta manifestação de criança?

Conversar normalmente, mas com a sutileza de quem sabe que está lidando com uma das três situações a que nos referimos, dispondo-se a abordar o assunto com o grupo, após a reunião, para os esclarecimentos necessários.

7 – Há grupos espíritas que se dizem especializados em doutrinar crianças desencarnadas. Como situá-los?

Provavelmente estão sendo envolvidos por Espíritos mistificadores, que exploram a ingenuidade dos participantes. As pessoas emocionam-se quando um Espírito situa-se como uma criança que estava sendo judiada num antro escuro da espiritualidade, sem considerar o absurdo de semelhante ideia. E onde estavam os mentores e familiares desencarnados, a permitir que isso acontecesse com um inocente?

8 – Além dos argumentos apresentados, que mais se poderia dizer para os que têm dificuldade em aceitar que crianças desencarnadas não precisam de reuniões mediúnicas para receber ajuda?

É significativo considerar que não há uma única manifestação de criança nas obras de Allan Kardec, principalmente em O Livro dos Médiuns, o grande manual de intercâmbio com o Além, nem nos livros de André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, onde temos a mais clara e objetiva visão do relacionamento entre o plano físico e espiritual.

Reflexão

Considerando o material apontado para a reflexão e aprendizado, temos um bom trabalho pela a frente, a de elucidar o nosso espirito para um eficiente trabalho com a espiritualidade. Evitando práticas sem questionamentos e sem fundamentos que podem colocar o médium bem como o trabalho mediúnico como um todo em situações delicadas, fardadas a fracasso ao tempo que durar a ignorância.

A manifestação de crianças é algo muito delicado a ser tratado e estudado e principalmente de ser compreendido.

Na Umbanda a manifestação é a irradiação da energia do que propriamente dita de Ibeji ou Cosme e Damião, uma vez que os seres que a regem não são infantis e sim com eras de conhecimento e lapidações alcançando a Pureza Aurica. Estes velam para mantê-la. Já os espíritos de crianças comunicantes em trabalhos, cabe a cada um refletir sobre a efetiva participação durante um trabalho e seus efeitos a curto e longo prazo. Afinal, um espirito não pode e nem deve se infantilizar pela eternidade o que acarretaria em um retrocesso da evolução espiritual.

Como podemos auxiliar para que o espirito volte a caminhar rumo ao aprimoramento espiritual? O nosso autoconhecimento e conhecimento adquirido e diversos campos auxiliarão muito se usarmos com sabedoria.

Sempre devemos analisar e estudar tudo: as informações disponíveis, a história, as culturas, os trabalhos, o aspecto oculto pela limitação de palavras, as ciências etc.

“Os Seres sem entendimento e capacidade de raciocinar e compreender a realidade, que faz, porque outrem o faz, está fardado a ser fantoche no plano espiritual por obsessores astutos que o cegarão a Luz da Razão e estará sujeito aos mais baixos níveis de degradação espiritual e moral.”

Bibliografia

1. www.espirito.or.br 
2. LIVRO DOS ESPIRITOS - Allan Kardec. Da Pluralidade das existências. Parte Segunda. Capitulo IV. Perguntas 197 a 199.
3. ↑ CARYBÉ. Mural dos orixás. Salvador. Banco da Bahia Investimentos. 1979. p. 72.
4. Ir para cima ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 911.
5. Ir para cima ↑ FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 911.f
6. (ORPHANAKE, Édson. Manual para chefes de terreiros. P. 116).
7. www. pingosdeluz.com.br
8. Programa PincaFogo – Por Francisco Cândido Xavier e seus Mentores Espirituais
9. Instruçoes dos Mentores Espirituais dos Guerreiros da Luz